terça-feira, 19 de outubro de 2010

#Domingo

O efeito do teu abraço é sempre o mesmo: aquela paz inegociável, aquele mundo de sonhos que se converte em riso. O teu riso, o meu riso. Até que sejamos o que o amor quiser de nós. Debruço na paisagem, os pés cansados, e tua vida me acolhe. Tudo em nós se junta tão depressa. Tudo em nós é tão vivo e tão intenso! Sigo contigo pelas ruas, e você me puxa a cintura, me beija a boca, a nuca, os seios. Me beija o desejo. E então não temos mais nada a dizer.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ainda bem que você vive comigo...

Eles lembravam de quando eram jovens e saltitavam numa calçada com grandes amendoeiras. Eram felizes. Não que não fossem mais. Só estavam cansados demais pra voltarem a saltitar nas ruas.

Ele dizia sempre que nunca se cansaria. Ela nunca pulou tão alto e sorriu tanto ao mesmo tempo até aquele dia. E hoje, os dois lembravam disso separados. Cada um no seu canto (do sofá).

Um movimento, e a agulhinha de crochê caiu. Ele pensou em levantar pra pegar. Ela pensou em levantar pra pegar. Olharam as mãos enrugadas se apoiando pra se levantar, num movimento hoje bem mais difícil e ficaram ali, admirando um a história do outro que estava escrita entre aquelas pequenas rugas. Fitaram-se um instante e riram-se, tendo a mais absoluta certeza de que deveriam sair dali.

Eles andavam por uma calçada com grandes amendoeiras, lembrando de quando eram jovens e pensavam se passariam juntos esse tempo bom novamente.

Ela, o relógio e eu

O passar das horas, sempre a afligia. Temia ter que ir. Mas por mais que eu não quisesse, era impossível não ouvir o TIC, TAC, TIC, TAC, TIC, TAC, TIC, TAC...

Ela, pra se distrair, usou o ritmo como música e dançou com as mãos TIC, TAC, TIC, TAC, TIC...

Eu, mesmo assim, não conseguia parar de observar seus traços finos e seu corpo macio sob as cobertas. Ela tinha preguiça de levantar. Queria que o mundo estivesse ali (e ele estava). Eu pensava em como o tempo escorria entre nós três - ela, o relógio e eu: TIC, TAC, TIC, TAC...